NÃO EXISTE ACASO!

Estava eu hoje à tarde visitando um evento literário organizado por uma escola aqui da minha cidade. Contação de histórias, oficina de música, venda e troca de livros. Vi a notícia no Facebook e resolvi ir conhecer, porque adoro esses movimentos "pró literatura".
Não pude ficar até o fim, para a troca de livros em si, que era o meu objetivo inicial, porque estava com minha filha menor e ela tinha um compromisso. Mas eis que, logo ao chegar e enquanto olhava os livros à venda, uma aluna se aproxima com um guarda-chuva aberto, dentro do qual havia pendurados marca-livros com poemas. Ela me diz: "Você gostaria de um poema?" E eu: "Sim!". "Pode escolher." Escolhi pela cor e pela proximidade, sem ver do que se tratava. Ela cortou o fio de nylon que prendia o marca-livro com uma tesourinha e lá fui eu embora com o meu poeminha...
Agora veja, você que me conhece um pouco, se não é coisa do destino. Pego o poema pra ler, e me deparo com o seguinte:
RAZÃO DE SER
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso, preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece, e as estrelas lá no céu
lembram letras no papel,
quando o poema anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter porquê?
(Paulo Leminski)
Sem comentários, né?